Whey Protein: benefícios que vão além da hipertrofia

A proteína do soro, conhecida como whey protein, é extraída da porção aquosa do leite, gerada durante o processo de fabricação do queijo. Comercializada na forma de pó, é adicionada na dieta para aumentar o consumo de proteínas de alto valor biológico. Possui em sua composição 80% de caseína e 20% de proteínas do soro, sendo facilmente digeridas e absorvidas pelo organismo. É rica em cálcio e aminoácidos essenciais, especialmente de cadeia ramificada (BCAAs).

A suplementação com whey protein é comum em atletas e praticantes de atividades físicas para ganho de massa muscular, porém muitos estudos vêm demonstrando que a proteína do soro do leite pode ser utilizada com outras finalidades como no auxílio na perda de peso através do controle do apetite e aumento do metabolismo, na cicatrização de lesões, atuando como suplemento imunomodulador, controle da pressão arterial e da glicemia. Assim, elaboramos esta matéria com algumas das propriedades funcionais deste produto. 

  • Redução de gordura corporal: as proteínas do soro do leite são ricas em cálcio (aproximadamente 600mg/100g), e de acordo com alguns estudos epidemiológicos, o aumento da concentração de cálcio reduz a concentração dos hormônios calcitrópicos, aumentando assim o metabolismo dos adipócitos e, consequentemente, auxiliando na redução da absorção de gorduras provenientes da alimentação. Em altas concentrações, estes hormônios estimulam a transferência de cálcio para o adipócito, e este levam à lipogênese e a redução da lipólise. Portanto, quanto mais cálcio disponível, menor a concentração dos hormônios calcitrópicos, favorecendo a degradação de gordura como fonte energética.

    Além disso, o whey protein contém componentes bioativos que ajudam a estimular a liberação de dois hormônios supressor de apetite: a colecistoquinina (CCK) e o peptídeo similar ao glucagon (GLP-1). Dessa forma, ocorre diminuição da ingestão alimentar.
  • Controle glicêmico: ocorre através de dois mecanismos. O primeiro é devido ao aumento da concentração plasmática de BCAA, que reduz a liberação de insulina pós-prandial e maximiza a ação do fígado no controle da glicemia, a partir da gliconeogênese hepática. E o segundo mecanismo é através da ativação de um receptor para glicose. Estudos recentes têm observado que os indivíduos que consumiram o whey hidrolisado promoveram a maior entrada de glicose na célula, independentemente da insulina, pois tinham mais GLUT-4 (principal transportador da glicose) na membrana, ou seja, apresentaram maior capacidade para levar a glicose do sangue pra dentro da célula. Deste modo, a utilização do whey protein seria um grande aliado para o controle da glicemia. 
  • Ação imunomodulador: é desencadeado pela ação da cisteína, aminoácido responsável por estimular a produção de glutationa, que é um excelente agente antioxidante, e possui um efeito estimulatório sobre os linfócitos para produzirem imunoglobulinas, exercendo assim um importante papel no sistema imunológico.

    Assim, tem sido muito utilizado o whey após cirurgias ou em tratamento para queimaduras para auxiliar no processo de cicatrização, devido ao fato de ser uma proteína de alta qualidade.
  • Controle da hipertensão: algumas pesquisas têm demonstrado que as proteínas do soro do leite possuem efeito vasodilatador, pois inibem a enzima conversora de angiotensina (ECA), responsável por catalisar uma reação vasoconstritora, e consequentemente proporciona uma diminuição da pressão arterial. Além disso, outros estudos apresentaram significativa elevação das taxas de HDL, redução das concentrações de triglicerídeos e diminuição do risco cardíaco.

Embora os efeitos benéficos à saúde sejam observados, é importante que haja cautela no consumo do Whey Protein. Por se tratar de um suplemento proteico, deve-se levar em consideração a recomendação diária de proteínas para não causar problemas hepáticos e renais. Deste modo, para fazer o uso correto, deve-se procurar o nutricionista, pois este é o profissional qualificado para adequar as quantidades diárias de proteínas, levando em consideração fatores como idade, peso, sexo, nível de atividade física e eventuais patologias existentes.

Renata Gomide – Consultora Nutricional do Dietpro.