Manteiga ou Margarina: qual a melhor opção?

31 May 2006 — Six different fats on spatulas and spoons — Image by © Maximilian Stock Ltd/the food passionates/Corbis

Existem ainda muitas controvérsias e dúvidas quanto a qual produto é melhor consumir, e para isso, tentaremos ajudá-los esclarecendo alguns pontos de muita discussão.

A margarina surgiu na frança no século XIX durante o Império de Napoleão III, onde durante uma crise o imperador ofereceu um prêmio para quem descobrisse um alimento que substituísse a manteiga, a ideia era que o novo alimento fosse mais acessível financeiramente para os mais pobres. Com isso, o químico Hippolyte Mège Mouriès descobriu a margarina a partir de emulsificação do sebo bovino com leite. (PINHO, 2013)

Após alguns anos a gordura vegetal hidrogenada passou a substituir o sebo na formulação das margarinas sendo que a partir da segunda metade do Século XX, o processo de fabricação de margarina se consolidou como a emulsificação de uma fase aquosa (leite, sal e conservantes) e uma oleosa (gordura vegetal hidrogenada). (PINHO, 2013).

A partir daí ocorreram diversas modificações na formulação original da margarina, sendo atualmente comercializada de diversas formas e por distintas marcas. Houve então a necessidade, diante das características nutricionais dos produtos, a criação de leis e resoluções relativas a padronização e melhoria da qualidade nutricional. No caso da margarina, um exemplo de regulamentação é o surgimento de leis (359 e 360) que obriga os fabricantes a informar aos consumidores a quantidade de gordura trans, por exemplo, contida nos seus produtos.

Junto com as legislações de qualidade nutricional e controle de informações nutricionais repassadas aos consumidores, surgiram também, como medida de prevenção, principalmente de enfermidades cardiovasculares, a tentativa de reduzir/remover a quantidade de gordura, especialmente trans, deste grupo de alimentos. Mas, atualmente para retirar esse tipo de gordura, os fabricantes utilizam o processo de interesterificação, onde não há formação de gordura trans.

Com isso, você deve estar se perguntando: É melhor então fazer uso das margarinas?

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013) alerta que “até o presente momento, não há evidências científicas que permitam concluir o efeito do rearranjo de ácidos graxos na gordura interesterificada sobre parâmetros metabólicos e de desenvolvimento da aterosclerose e desfecho cardiovascular. Contudo, cabe ressaltar que há grande predominância de ácidos graxos saturados na gordura interesterificada de utilização industrial”.

A Portaria n° 146 de 1996 define: “com o nome de manteiga entende-se o produto gorduroso obtido exclusivamente pela bateção e malaxagem, com ou sem modificação biológica do creme pasteurizado derivado exclusivamente do leite de vaca, por processos tecnologicamente adequados. A matéria gorda da manteiga deverá estar composta exclusivamente de gordura láctea”.

A manteiga é um alimento que contém gordura animal (saturada) e este tipo de ácido graxo influencia os níveis de colesterol sanguíneo acarretando em problemas cardiovasculares. Contudo, o consumo deste deve ser moderado.

Outra opção mais saudável que a manteiga ou a margarina é o creme vegetal, isto porque, contem uma quantidade de gordura reduzida (não isenta). Mas este tipo de alimento não é indicado para fins culinários exatamente por conter menos gordura.

É importante lembrar que o consumo de qualquer alimento deve ser moderado, respeitando as quantidades recomendadas para cada grupo de indivíduos. Com isso, não tem como afirmar qual é o alimento mais “correto” – manteiga, margarina ou creme vegetal-, sem exagero poderemos consumi-los sem culpa.

Finalizados a nossa seria de matérias com a seguinte consideração: a nutrição, por ser uma ciência nova e muito estudada é tomada de novas pesquisas e informações que, muitas das vezes, vão em confronto com conceitos já utilizados há muitos anos. Como Pollan evidencia, a “hipótese lipídica” é exemplo da instabilidade, controvérsia e incerteza dentro da ciência da nutrição, como um paradigma desta ciência (BIANCO; CASSIANO, 2009).

Daí a importância do profissional de nutrição se manter sempre atualizado e com o seu desenvolvimento critico aprimorado, assim poderá absorver e assimilhar melhor os resultados de novos estudos e pesquisas na área de nutrição e saúde, repassando aos seus pacientes informações conscientes e atualizadas.

Adriana Lopes Peixoto – Consultora Nutricional da A.S.Sistemas

Marceli Almeida Mendonça – Estagiária de Nutrição da A.S.Sistemas

Referências Bibliográficas

BIANCO, A. L.; CASSIANO, A. C. R. L. Superalimentados, mas subnutridos: um diagnóstico do sistema alimentar industrial. Ambient. soc., Campinas, v. 12, n. 1, 2009.

PNHO, D. M. M.; SUAREZ, P. A. Z. A Hidrogenação de Óleos e Gorduras e suas Aplicações Industriais. Rev. Virtual Quim. v. 5, n. 1. 47-62.

SANTOS, R.D. et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras Cardiol. 2013;100 (1Supl.3):1-40.

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