Como avaliar o consumo alimentar do seu paciente?

Em um atendimento nutricional, os inquéritos dietéticos são indispensáveis para identificar os hábitos alimentares e as deficiências nutricionais dos pacientes. Mas qual é o melhor método de avaliação? Confira a metodologia e a aplicabilidade de cada um desses instrumentos para escolher qual o mais adequado para avaliar o consumo alimentar do seu paciente.

  • Recordatório de 24 horas

 É a técnica mais empregada para a análise da ingestão alimentar. Consiste em definir e quantificar todos alimentos e bebidas ingeridos nas últimas 24 horas que antecedem a consulta. É considerada rápida e simples de ser aplicada, porém depende da memória e de noções de porções do paciente. Além disso, para a sua aplicação é viável que o nutricionista estabeleça uma boa comunicação com o paciente e evite a indução de respostas. Uma de suas desvantagens é que não estima a dieta habitual, pois a ingestão relatada pelo paciente pode ser atípica. 

  • História Dietética

 A história alimentar consiste em uma entrevista com o propósito de gerar informações sobre os hábitos alimentares do paciente. São relatados os alimentos consumidos habitualmente, com maiores detalhes sobre os tipos, tamanhos das porções, frequência e informações adicionais, como fumo e prática de atividades físicas. Este se assemelha com o recordatório de 24 horas e depende também da memória do paciente, porém descreve a dieta usual, sendo eliminadas as variações do dia a dia, pois é considerado as modificações sazonais. As principais desvantagens desse inquérito são o fato de requerer um treinamento, dificuldades para padronização da coleta de informações e tempo longo de administração.

  • Registro Alimentar

 Este é um parâmetro no qual o paciente registra, no momento do consumo, todos alimentos e bebidas ingeridos em um período variável de três dias a uma semana, sendo o de três dias mais usual, incluindo um dia de final de semana. Diferente do recordatório, não depende de uma boa memória do paciente, já que os alimentos devem ser anotados à medida que são consumidos. Porém, existe a possibilidade de interferência no padrão alimentar, já que o mesmo tem ciência de que será avaliado, subestimando assim sua alimentação.

 Para uma avaliação eficaz, o nutricionista deverá explicar ao paciente o funcionamento do recurso, ressaltando que todos os alimentos deverão ser informados, incluindo as principais refeições, os petiscos e pequenos lanches, as guloseimas, e até mesmo o consumo de líquidos, incluindo o de água. Além disso, para minimizar possíveis erros, existe a necessidade dos pacientes serem treinados quanto ao uso e conhecimento de medidas caseiras.

  • Questionário de Frequência Alimentar

Este procedimento utiliza como instrumento de investigação uma lista com diferentes alimentos e a frequência de seu consumo por dia, semana, mês ou ano. O número e o tipo de alimentos presentes no questionário variam de acordo com o propósito da avaliação, com a possibilidade do nutricionista acrescentar quantas opções julgar necessárias.

Apresenta as vantagens de ser autoadministrado, baixo custo, rápido, habilidade descrever padrões da ingestão alimentar, além de ser utilizado para estudos epidemiológicos.

Uma de suas desvantagens é o fato que fornece apenas informações qualitativas sobre o consumo alimentar, não sendo possível saber a hora ou a circunstância em que o alimento foi consumido, havendo assim a possibilidade de aplicação conjunta com outras ferramentas.

Apresenta ainda outros pontos negativos tais como, subestimação do consumo (visto que nem todos os alimentos consumidos constarão na lista) e a quantificação manual dos dados, isso porque é necessário que análise seja realizada com auxílio de programas específicos. 

  • Pesagem dos alimentos

 É o inquérito recomendado pela FAO por ser mais exato e confiável. Consiste em registrar minuciosamente as quantidades dos alimentos consumidos através da pesagem direta ou das medidas caseiras utilizadas no porcionamento identificando o consumo atual. Sendo este mais usual em instituições, por exemplo, em casas de repouso.

Diante do exposto, percebemos que não existe um método ideal. Assim, sempre devemos escolher o inquérito que melhor se enquadra no perfil do paciente e no propósito da investigação dietética para reduzir a margem de erro e aumentar a probabilidade de obter resultados mais confiáveis e fidedignos.

Renata Gomide- Consultora Nutricional do Dietpro